sábado, 19 de novembro de 2011

Escrever para não praticar. Situações hipotéticas. (Nathalia Trindade)

Um dia tudo vai passar
Mais um dia na escola Solar. Minhas amigas e eu chegamos. Não passou muito tempo, apareceu a valentona Fernanda; e com ela, os xingamentos: barangas, pobretonas e ridículas. Ela me dava nojo!
Naquele dia, quando cheguei a casa, subi até a laje e comecei a chorar. Fiquei pensando. Cheguei à conclusão de que tudo que ela dizia era verdade. Queria mudar de escola, mas mamãe não deixava, afinal, como era excelente aluna, tinha bolsa de estudo; será que em outro estabelecimento também poderia obter tal auxílio?
Minhas amigas não davam importância àquilo. Elas tinham mais dinheiro.
Outro dia, outras torturas. Fernando além de nos surrar, enfiou-nos nas privadas. Só pudemos sair com o auxílio da faxineira.
Depois desse dia, passei a mutilar-me. Dava socos em mim mesma. Não queria mais semelhante vida. Todos caçoando de mim só porque não tinha dinheiro. Não aguentava aquela tristeza em que me encontrava e não havia esperança em mim de que tudo passaria.
No fim do ano, escrevi um diário. Meus pais o leram e quiseram me ajudar; não aceitei a ajuda. Fiquei imune às provocações e aos xingamentos de Fernanda. Contudo carregava muita dor e ódio dentro do coração.
Cheguei à escola e encontrei um grupo dizendo que Fernanda se mudaria para o Alasca. Na hora, fiquei feliz. Porém surpreendentemente descobri que a valentona também era vítima de bullying. No dia de sua despedida, disse-lhe que a perdoava. Ela foi embora feliz. Eu fiquei com a sensação de que um dia tudo ia passar.

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