domingo, 20 de novembro de 2011

Escrever para não praticar. Situações hipotéticas. (Giulia Ferreira)

Bullying
Ao chegar à escola, já sofria bullying. Chamavam-me de nojenta e de fedida.
Assim que ouvia os insultos, ligava para meus pais, a fim de ouvir alguma palavra de consolo e estímulo. Mesmo recebendo o suporte deles, era difícil encarar a situação.
Esperava o professor entrar em sala, pedia autorização para ir ao banheiro e, lógico, ia chorar escondida. Aquela parte do banheiro já era minha velha companheira de lágrimas.
Quando retornei do banheiro, percebi que os alunos começaram a rir de mim; a risada aumentava à medida que eu passava por entre as carteiras. Olhei para baixo e descobri que um pedaço de papel higiênico havia se grudado na sola do meu tênis. Pronto, mais um apelido recebi: menina do papel higiênico. Sentei-me. Sentia meu estômago se contorcendo de tanto sofrimento que eu engolia.
Bateu o sinal do recreio. Bem, era o momento de me refugiar. Sempre sozinha. Nada de amigas ou amigos. Eu era o que eles diziam em inglês: 4ever alone!
Passados alguns dias, uma menina foi transferida de escola. Ela estava na mesma série que eu estudava. Coincidentemente, ficou na minha sala. Ela era negra. Havia se transferido para nossa escola, porque lá era vítima de bullying. Não demorou muito para ela perceber que a transferência de nada adiantou. A dor nos uniu. Estabelecemos uma grande amizade.
O chefe dos meninos que nos perturbavam era um gordinho. De tanta coisa errada que ele praticou, acabou sendo convidado a se retirar de nossa escola. Mas antes de ele ir, deixou-me mais um formoso apelido: maria sangrenta. Por quê? Porque meu dente começou a sangrar em plena aula. Afinal, tudo era motivo para que ele me desse apelidos.
Nossa vida, a da minha amiga e a minha, era insuportável. Ambas pedimos para sair da escola. Queríamos estudar em casa com professores particulares. Não era a melhor solução, mas pelo menos, dava-nos paz.

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